Tambores Gerais

                                                                        Tambores Gerais


A Oficina Tambores Gerais é resultante  de um projeto iniciado em 2004 na periferia de Sabará, à época intitulado “Música Livre, Morro Aberto”, que resumia-se a oferecer um curso de teoria musical e percussão à comunidade interessada.  As aulas eram ministradas por seu idealizador, Jorge Dikamba, percussionista que resolveu viver em Sabará e realizar alguma ação útil para a comunidade. Tendo unicamente a oferecer seus conhecimentos musicais, muito duramente conquistados, recebeu uma sala no centro comunitário do bairro Adelmolândia,  onde todas as noites de segundas e quartas-feiras, mesmo com chuva, reunia entre quinze e trinta interessados de variadas idades, a maioria residente na comunidade, para transmitir-lhes o que entendia ser “uma chave para o mundo”, pois, além de oferecer-lhes gratuitamente aulas de teoria musical, prática percussiva e lutheria (construção de instrumentos) com material reciclado, pretendia fomentar discussões sobre cultura, tolerância, cidadania, participação social, família e outros temas considerados importantes para a formação daqueles jovens.

Foi formado um grupo musical tendo à frente os mais destacados alunos, cujo repertório baseou-se em cânticos do congado mineiro e em referências musicais de várias partes do mundo, com gêneros caribenhos, africanos e brasileiros, sem no entanto apelar-se para a música de qualidade duvidosa em geral veiculada nas chamadas “rádios populares”. Aliás, consta que a influência da mídia na escolha do repertório foi mínima, já que o idealizador sempre incentivou a pesquisa como base para a realização das atividades do grupo, que se apresentou em eventos em Sabará, Santa Luzia e Belo Horizonte. Como os instrumentos utilizados foram emprestados pelo idealizador e não receberam a devida manutenção, as atividades deixaram de acontecer durante todo o primeiro semestre do ano seguinte, salvo raras apresentações.

Diante da necessidade de aquisição de instrumentos para a continuidade do projeto, foi proposto um concerto à Fundação Cultural Belgo, ligada à Siderúrgica Belgo Mineira (atual Arcelor Mittal), num projeto denominado “Raízes”, cujo cachet seria revertido para a aquisição de materiais necessários à confecção de instrumentos percussivos.  Aprovada a proposta, o show foi realizado em setembro de 2005, com a participação da cantora Titane, do grupo de rap NUC e da Cia. Ponta da Terra de Danças Afro-brasileiras, dirigido pelo coreógrafo Carlos Afro, com quem Jorge havia trabalhado anos atrás, imediatamente foi adquirido o material para confecção dos instrumentos, o que demandou o restante daquele ano. 

A denominação do projeto foi modificada para “Tambores Gerais”, enfatizando-se a proposta de pesquisar-se a cultura mineira a partir das manifestações referentes aos tambores, bem como outras manifestações em geral, com ênfase nas culturas banto, que o idealizador acreditava serem as matrizes culturais dos negros compulsoriamente radicados na região das minas.

A 9 de março de 2006 as aulas foram iniciadas. Três dos antigos alunos não poderiam continuar, pois estariam retomando os estudos no período noturno, mas participariam das atividades nos finais de semana. Outros quatro atuariam como facilitadores para os novos alunos. As aulas passaram a  acontecer às terças e quintas-feiras, sob supervisão pedagógica de Helena de Freitas Santos, Especialista em Supervisão e Orientação Pedagógica e Recursos Humanos, à época coordenadora do Programa de Educação de Jovens Adultos – Projovem, do Governo Federal.

Em julho os alunos fizeram  uma apresentação na abertura do Kilombo Aldeia Século XXI, no Festival de Arte Negra (FAN),  em  Belo Horizonte, realizando um cortejo juntamente com vários outros grupos de percussão de Belo Horizonte e Santa Luzia, terminando com apresentações na Praça da Estação. No dia do encerramento do Festival o grupo voltou a apresentar-se, sendo atração também no no II Seminário Educação Patrimonial de Sabará, no Clube Cravo Vermelho, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Sabará.

A oficina Tambores Gerais foi ministrada com grande sucesso, por três alunos e o coordenador do projeto, no 7º Encontro Cultural de Milho Verde (Serro/MG), para cerca de cinqüenta pessoas de diversos lugares do Brasil, dentre músicos, pesquisadores, estudantes e moradores do lugar, encerrando com um Auto do Boi e acompanhamento das oficinas de dança afro do grupo Bataka. A mesma oficina foi ministrada também em Belo Horizonte, na Semana do Estudante da UFMG (Campus Pampulha) nos dias 13 e 14 de setembro e no Dia Temático promovido pela coordenação do Projovem e pela Fundação Roberto Marinho, no Colégio Imaco, situado no Parque Municipal Américo René Gianetti em Belo Horizonte, em 25 de novembro (com imagens do grupo divulgadas pelos telejornais da Rede Globo).

O grupo participou ainda do encerramento da Caminhada Cívica, na Praça de Esportes de Sabará, no dia 7 de setembro, realizou uma exposição didática para alunos de Letras na Faculdade de Sabará, participou do Cortejo Festa do Rosário pelas ruas de Sabará, fêz um ensaio com a Orquestra Jovem de Contagem, apresentou-se na Festa do Rosário na principal praça da cidade, assistiu a uma apresentção do percussionista Carlinhos Ferreira no teatro Francisco Nunes, realizou apresentações no seminário “Pedagogia da Indagação” (no Teatro Ney Soares das Faculdades Uni-BH), em evento Cidadania nos Trilhos promovido pela Prefeitura e pela Ferrovia Centro-Atlântica em Sabará, no concerto “Mil Tambores para Ray Lema”, acompanhando o cantor africano em Belo Horizonte, realizou uma visita monitorada ao Grande Teatro do Palácio das Artes – para assistir ao espetáculo Missa dos Quilombos – e apresentou-se no encerramento da Semana da Consciência Negra em Sabará, do evento beneficente “Sabará Contra a Fome” e na Escola Municipal Rosalina Alves Nogueira, no distrito de Pompéu. Em dezembro o grupo organizou, juntamente com a apoio do Instituto Mundo Velho, uma festa de confraternização para seus alunos, que receberam em certificados de conclusão do curso e realizaram a derradeira apresentação do ano. Em 2006 o grupo se apresentou no conceituado Museu do Ouro de Sabará, na abertura da exposição comemorativa aos 113 anos do Clube Mundo Velho,  passando por uma apresentação conjunta com outros grupos importantes da região metropolitana – como Tambolelê, Arautos do Gueto e Tambor Mineiro – no estádio Mineirão, para uma público superior a 60.000 pessoas, além de aulas ministradas na Escola de Música da UFMG e na cidade do Serro (8º Encontro Cultural de Milho Verde), de onde trouxeram a cabeça de um Boi do Cerrado, tradicional naquela região, a técnica para construi-lo e cantigas para embalar as brincadeiras. O boi “renasceu” em setembro daquele ano – coincidentemente no mesmo espaço onde o grupo ensaiava, transmutado em “feira de négocios do artesanato” – depois encantou crianças e adultos a no aniversário, dos amigos e parceiros, a Borrachalioteca de Sabará (Instituto Cultural Anibal Machado), em um encontro de contadores de histórias.

Dentre as demais apresentações destacam-se o concerto dom a Orquestra Jovem de Contagem no Teatro Municipal de Sabará, o encontro-show “Mil Tambores para Naná Vasconcelos”, o cortejo “Da Liberdade a Zumbi” (evento do Festival Internacional de Arte Negra de Belo Horizonte) e no III Festival de Cultura Popular de Paranapiacaba, vila histórica situada na  cidade de  Santo André/SP.



























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